quinta-feira, 8 de abril de 2010

Liderança colaborativa: segredo das empresas 2.0

Em palestra no Fórum HSM de Gestão e Liderança 2010, Andrew McAfee falou de como e porque a tecnologia da Web 2.0 é parte fundamental das empresas que também querem entrar na era da gestão moderna
Na terceira palestra do primeiro dia do Fórum HSM de Gestão e Liderança 2010, realizado nos dias 6 e 7 de abril, o especialista em tecnologia Andrew McAfee mostrou sua visão de como a liderança pode – e deve – usar as redes sociais e demais tecnologias da Web 2.0 a seu favor. Logo no início, ele instigou a plateia com três questões: primeiro perguntou quem concordava com a afirmação: “Se soubéssemos o que nossa empresa sabe teríamos mais produtividade?”. Quase todos os presentes levantaram as mãos afirmativas. Logo depois, perguntou se as pessoas conseguem achar tudo o que querem na internet. Novamente, a maioria disse que sim. Então ele perguntou quem conseguia navegar facilmente e encontrar as informações necessárias na intranet da própria empresa.
Diante das poucas mãos levantadas, McAfee demonstrou que isso significava que as empresas não sabiam sobre o que sabiam, o que era um problema. Porém, muito possível de ser consertado. “Nossas intranets são construídas, desenhadas e mantidas por equipes bem treinadas e bem pagas, cujo trabalho é facilitar as coisas para nós. Pelo visto, elas não estão fazendo um bom trabalho”, avaliou.
Com uma rápida retomada histórica da internet e da web 2.0, ele relembrou como, em 1999, quando o Blogger surgiu, tudo parecia muito estranho. “Quem colaborava com a web antes precisava ter algum conhecimento técnico específico e também alguma verba. Com os blogs esses dois obstáculos puderam ser vencidos e então qualquer um poderia contribuir com conteúdo online.” Essa mesma estranheza ocorreu com a wikipedia, que hoje é uma fonte de informações com mais de 3,2 milhões de artigos em inglês e que ganhou confiabilidade, e também com o Facebook. Fundado há apenas 5 anos, esta rede social já tem 400 milhões de usuários.



“Estas tecnologias mostram a profunda necessidade do ser humano de ter contato social e de se comunicar com os outros, contar sobre o que faz e pensa - uma necessidade que nem nós sabíamos que tínhamos antes dessas ferramentas aparecerem. Quando eu achava que tudo já havia sido inventado surgiu o Twitter, que permite que se fale para o mundo todo, para quem quiser ler, sem restrições. Eu achei que era uma coisa idiota esses 140 caracteres, mas vou mostrar a vocês o poder dessa besteira”, disse o palestrante.
De acordo com McAfee, as empresas e os lideres podem usar toda essa necessidade de se comunicar e a energia que os funcionários despendem tentando suprir essa necessidade em favor próprio. O começo pode parecer desorganizado e caótico, mas as vantagens são muitas. Como exemplo, citou a frase que dizia, ainda nos anos 90, que a internet era a maior biblioteca do mundo, mas com livros todos espalhados pelo chão. Hoje, dá para achar quaisquer “livros” que se queira com uma simples busca no Google. Uma forma de organização nova e não formal.
“O que mais gosto é que isso tudo me desafia. Desafia o modo como eu acreditava que era certo fazer as coisas”, declara o especialista. Antes, a maneira que as coisas ocorriam dentro de uma empresa seguiam mais ou menos o seguinte fluxo: um líder falava o que queria, quem ele queria que fizesse cada tarefa, determinava um prazo, fazia discussões entre pequenos grupos e só então, depois de ajustes e muito vai e volta, disparava comunicados internos sobre as novas decisões. Os clientes e consumidores ficavam sabendo ainda depois. Hoje, com a colaboração pública possível pelas redes sociais e colaborativas, dá para fazer o inverso e ouvir o que todo mundo tem a dizer para depois fechar o processo.
Além de explicar um pouco do que está ocorrendo hoje no mundo, para demonstrar como fazer a aplicação prática das tecnologias que permitem uma empresa entrar na era da Enterprise 2.0, McAfee também abordou a questão dos benefícios comerciais. Ele cita o exemplo de uma empresa de construção nos EUA em que um funcionário postou na Intranet um texto e algumas fotos de um novo procedimento de assentamento de pisos, que gerava redução de custos.
Dentre os comentários do post, ele chamou a atenção para o de outro colaborador, que aparentemente não conhecia o primeiro, pediu mais fotos e queria tirar dúvidas técnicas. A disseminação da informação foi rápida, pessoas se puseram em contato para trocar experiências e isso ainda poderia gerar muita economia para a empresa como um todo, sem a necessidade de comunicados oficiais que talvez fossem chatos e pouco efetivos.