quarta-feira, 15 de junho de 2011

Tablets no mundo dos negócios

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As empresas que descartarem o dispositivo como ferramenta de negócios podem ser pegas de surpresa pela criatividade da concorrência. 

A avaliação é da empresa de consultoria Gartner, que analisou o impacto dos tablets no mundo corporativo e concluiu que os gadgets, além de ajudarem nos negócios, também requerem um novo conjunto de políticas, tecnologias e competências para as empresas.

Segundo o documento, o alerta é para que os CIOs não cometam o mesmo erro quando da adoção dos smartphones -  no começo vistos como brinquedos caros de executivos em busca de status. Para a Gartner esse pensamento deixou espaço para líderes mais criativos, que viram a vantagem competitiva que as aplicações móveis traria.

Em processo de “aculturamento” e de expectativas quanto à baixa de preços, o estudo projeta que as vendas de tablets se aproximem de 69 milhões em 2011.

A crescente adoção dos tablets pelas empresas vem se dando mais pelas equipes de vendas. Especialistas preveem que em breve existirão sistemas de CRM e aplicativos de entrada de pedidos e vendas desenhados para o dispositivo.

A farmacêutica EMS adotou o tablet para eliminar o uso do papel pelos vendedores em visitas a consultórios médicos, por exemplo. O projeto recebeu o investimento de R$ 2 milhões, gerando uma economia estimada em  R$ 4,2 milhões por ano, com gastos de impressão e distribuição de panfletos e folhetos.

No Santander, foram mais de 50 iPads adquiridos pelos próprios executivos. O tablet é utilizado para acessar sistemas do banco e correio eletrônico. “Eu mesmo levo o meu iPad e uma caneta especial para fazer anotações nas reuniões”, afirma o diretor executivo de tecnologia do banco, Cláudio Prado.

Um novo mercado para desenvolvedores

Ricardo Longo, diretor geral da FingerTips, empresa especializada no desenvolvimento de aplicativos móveis, confirma essa tendência. “Praticamente todas as demandas de aplicativos corporativos que recebemos são para a área comercial. Esta área tem um impacto menor no processo produtivo de uma empresa e, além dos ganhos de produtividade há também o ganho de imagem junto aos clientes”.

Com apenas 3 anos de atividades, a FingerTips já desenvolveu cerca de 150 projetos corporativos. “Neste momento, o empreendedor brasileiro está começando a entender os benefícios dos tablets para os negócios e processos da empresa. Devemos ter mais 6 ou 8 projetos fechados até o fim do ano”, revela Longo.

Sobre o desenvolvimento e a criação destes aplicativos, Longo diz que praticamente não há diferença. A diferença aparece no processo de desenvolvimento em si, que tem que ser muito mais estruturado, formal, documentado e rigoroso do que em aplicativos para usuários finais. “É que os aplicativos corporativos normalmente lidam com um conjunto de informações mais complexo, proveniente dos sistemas internos das empresas”, argumenta.

iPad ou Android?

Para que lado o setor corporativo está migrando com mais força? Segundo Ricardo Longo, “com certeza para iPad” e pelas seguintes razões:
- o iPad tem 1 ano de "dianteira" perante os outros tablets.
- o iPad tem 80% do mercado.
- o iPad é o que os executivos já estão acostumados a usar em suas casas.
- é mais fácil desenvolver para iOS do que Android.

Quanto ao ambiente (Webapp ou plataformas específicas)  mais propicio, ágil, simples e seguro no desenvolvimento e na utilização de tais aplicativos, Longo diz que serão as Webapps, em tablets com conexão 3G. “Pela facilidade e preço de se desenvolver em HTML e pela flexibilidade que se tem em fazer alterações e ajustes ao longo do tempo, sem ter que se atualizar todo o parque de tablets de uma empresa”, argumenta o diretor.

Em nuvem: o próximo passo

Segundo algumas pesquisas e tendências mundiais, a adoção da computação em nuvem será o próximo estágio para os usuários do tablets no ambiente corporativo.
Um grande exemplo desta tendência é o iOS5 – nova plataforma da Apple que aproveita todas as vantagens oferecidas por esse tipo de armazenamento, apresentado na semana passada por Steve Jobs, que afirmou que a Apple sempre quis criar um OS sem a necessidade de armazenamento local.
Para Leandro Fraga, CEO da MIPC SA, provedora de soluções de cloud computing, que colocou recentemente no mercado a versão de computação em nuvem para tablets, através do sistema  PCiO (cuja sigla vem de PC is Over) será apenas uma questão de tempo. “No fundo, é um processo semelhante ao de adesão aos serviços de banco. As pessoas se convenceram de que guardar dinheiro no banco é melhor e mais seguro do que em casa. Será assim também em relação aos dados e arquivos digitais, que vão migrar para o cloud mais cedo ou mais tarde”.

Sobre a segurança no cloud, Fraga diz que “é possível construir na nuvem estruturas tão ou mais seguras do que fora delas”. O necessário é que cada empresa defina com clareza o que necessita em termos de segurança, e contrate um fornecedor capaz de assegurar isso de fato. “Sempre haverá produtos e serviços mais ou menos seguros no cloud, assim como ocorre nas áreas de TI das empresas”.

Para Fraga muitas empreendedores estão tomando conhecimento a respeito das vantagens de um sistema em nuvem e fazendo as provas necessárias antes de uma adoção definitiva. “Nos próximos dois ou três anos haverá a massificação desta adoção, incluindo pequenas e médias empresas. O interesse cresce a cada mês”, conclui.

Os serviços gerenciados, cada vez mais, são utilizados como alternativa para as companhias manterem os setores de TI e infraestrutura equipados com soluções atualizadas e implementações mais rápidas, sem perderem o foco em seu próprio negócio. Por meio desta terceirização, uma empresa confia à outra empresa – desta vez especializada em determinado segmento – a administração e a operação de partes da sua estrutura tecnológica. Impressão, segurança e gerenciamento de rede e servidores são alguns dos serviços gerenciados mais procurados.

Estas empresas ‘de serviço’, como são mais conhecidas pelo mercado, montam um time de especialistas, muitas vezes em regime 24 x 7, para executar a operação. É claro que esta estrutura custa caro e, para rentabilizá-la, é necessário vender o serviço em um grande número de clientes. As pequenas e médias corporações são a escolha natural como targets para os provedores destes serviços. Mas, como atingir estes clientes tão espalhados fisicamente e tão refratários a soluções e fornecedores desconhecidos?
 
 

A indústria de hardware e software já esteve antes nesta encruzilhada e optou pelos distribuidores e sua grande rede de revendas. Para aplicar o modelo 2-tier na distribuição de serviços gerenciados é necessário criar pacotes de serviço pré-estabelecidos e adequados à realidade das pequenas e médias empresas.

Os distribuidores podem solucionar as questões de como treinar e capacitar este canal de revendas para oferecer os serviços gerenciados a uma imensa quantidade de clientes, que por sua vez confiam nas soluções apresentadas pelas revendas, por serem seus parceiros de tecnologia. Modelos de remuneração podem incluir o condicionamento do canal de venda e do distribuidor pelo contrato e suas renovações, garantindo uma renda incremental para seus negócios, tradicionalmente tão afetado pelas margens baixas.

Cloud computing, outra tendência de mercado, e os serviços gerenciados estarão cada vez mais relacionados entre si e os distribuidores serão, uma vez mais, o vetor que levará esta revolução tecnológica às empresas de todos os tamanhos.

* José Bublitz Machado é vice-presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de TI – ABRADISTI.