quarta-feira, 20 de abril de 2011

Europa: Um quarto das crianças está nas redes sociais sem proteção


Ao definirem o perfil como público ficam mais vulneráveis a práticas de assédio e aliciamento
Por Sílvia Caneco
 

Um quarto das crianças registradas em redes sociais como o Facebook ou o Hi5 definiram o seu perfil como público: ou seja, os dados do perfil podem ser vistos por qualquer pessoa que clique no seu nome na rede. Um quinto dessas crianças cujo perfil está publicamente disponível indicam dados tão privados como a sua morada e o seu número de telefone.

Os dados, resultantes de um inquérito realizado para a Comissão Europeia junto de 25 mil jovens de 25 países europeus, levam os responsáveis pela Agenda Digital para a Europa a reforçar a urgência de tornar as redes sociais mais seguras e a exigir àquelas empresas que restrinjam o acesso aos perfis dos menores.

"Todas as empresas de redes sociais devem, de imediato, predefinir os perfis dos menores de modo a que fiquem acessíveis apenas para uma lista aprovada de contatos e fora do alcance dos motores de pesquisa. As empresas que ainda não assinaram os princípios para tornar as redes sociais mais seguras na UE devem fazê-lo sem demora, a fim de garantir a segurança das nossas crianças", sublinhou, a propósito do estudo, Neelie Kroes, vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pela Agenda Digital para a Europa.

Uma vez que as crianças que utilizam as redes sociais são cada vez mais novas e "muitas não tomam as precauções necessárias para se protegerem", Neelie Kroes acredita que a primeira solução para evitar que essas crianças fiquem vulneráveis a práticas de assédio e aliciamento passa pelas empresas de redes sociais, que devem ter responsabilidade na ocultação dos perfis dos menores.

A Comissão Européia está desde 2009 acompanhando a aplicação dos princípios para tornar as redes sociais mais seguras na União Européia. No acordo de auto-regulação, as empresas de redes sociais comprometem-se a aplicar medidas para garantir a segurança dos menores, mas os resultados do inquérito mostram que há redes sociais tão populares como o Facebook ou o MySpace que ainda não aplicaram aqueles princípios de segurança. Perante esses dados, a Comissão Europeia decidiu lançar uma avaliação dos actuais acordos de auto-regulação das empresas nesta área.

Todos em (na) Rede O estudo publicado pela rede EUKidsOnline revela que 77% dos jovens dos 13 aos 16 anos e 38% das crianças dos 9 aos 12 anos têm um perfil registado numa rede social. França é o país em que a percentagem das crianças dos nove aos 12 na rede é menor - 25% - enquanto os Países Baixos lideram a lista, com 70% a admitirem ter um perfil registado.

São as crianças dos nove aos 12 os que menos têm preocupações de privacidade na rede: em 15 dos 25 países, a percentagem de crianças dessas idades com perfis públicos é superior à dos jovens dos 13 aos 16 anos. E se mais de três quartos (78%) dos jovens dos 15 aos 16 dizem saber como mudar os parâmetros de privacidade, apenas 56% dos jovens com 11 e 12 anos sabem como alterar o seu perfil.

A média das crianças dos 9 aos 12 anos que têm mais de cem amigos na rede social situa-se nos 15%, mas a porcentagem triplica entre as crianças húngaras: 47% afirmam ter mais de cem contatos no seu perfil. A porcentagem dos 13 aos 16 anos belgas, dinamarqueses, gregos, húngaros, italianos, neerlandeses, noruegueses, poloneses, suecos e britânicos com mais de 100 contatos é superior a dos jovens dos restantes países.