Design thinking, crescimento sustentável e outras palavras-chave.
Por Renata Zilse
Por Renata Zilse
Nos dias 24 e 25 de março foi realizado o “Seminário Nacional de Inovação Estratégica e Workshops sobre Estratégias de Inovação para a Competitividade nas Empresas Brasileiras”.
Nome comprido para o evento que aconteceu na Escola de Negócios da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), promovido pelo Inei (Instituto Nacional de Empreendedorismo e Inovação) com o objetivo de “informar sobre a importância da inovação no campo empresarial, discutindo o potencial criativo do chamado design thinking para o crescimento sustentável”.
Participar do evento me remontou os tempos do mestrado. Primeiro por ser na PUC-Rio – onde cursei –, depois por ter como tema o design. Design thinking, para ser mais precisa.
Embora o tema principal fosse inovação, o termo (da moda) foi discutido no evento de forma muito interessante por diversas óticas: filosófica (com Charles Bezerra, Gad’Innovation); social (Carla Cipolla, UFRJ) e metodológica (Heloisa Moura, MJV). E de outras maneiras também: estruturada (Charles, Heloisa e Claudio Pinhanez, IBM) e caótica (Carla, da UFRJ e Daniel e Anderson da Symnetics).
Para mim, que sou designer de formação e profissão, o seminário foi bastante interessante. Ver a dificuldade de empresários e pessoas que não são dessa área em ter um pensamento plural, multidisciplinar é no mínimo curioso.
O que parece óbvio para qualquer designer, como observar e conversar com as pessoas que usam ou usarão um sistema para entendê-lo, buscar informações de diversos setores envolvidos, pesquisar o problema ou testar em protótipos, parecia uma grande descoberta para a maioria os participantes!
A ponto de não darem falta quando os palestrantes, que entraram mais a fundo na metodologia, sequer fazerem referência à Ergonomia, em métodos como análise da tarefa ou prototipagem.
A verdade é que design thinking, bastante disseminado ultimamente pela Ideo através de seu CEO TIM Brown, se apropria de metodologias e do processo de design em si dentro de um novo universo, o de negócios, para enxergar as questões por outro ângulo e, como objetivo final, inovar.
O mérito do seminário foi – diferentemente de outras palestras que já assisti sobre o tema onde só pegavam carona na sua fama – o de tratar o assunto dentro do contexto da busca pela inovação nas corporações. Trazendo outros palestrantes para falar de assuntos correlatos, como Gestão de Conhecimento e Estratégias de Inovação e Sustentabilidade, o seminário englobou o tema de uma forma muito acertada.
Charles Bezerra falou da importância de limpar a cabeça de qualquer pré-conceito, ideia ou solução imediata. Para pensar em solução é fundamental não pensar em nada. Numa palestra digna de grandes nomes, citou diversos autores (filósofos em maioria), casos, artigos e livros, sua paixão (seus “vinhos”). Foi, sem dúvida, a melhor. Inspiradora.
Carla Cipolla apresentou sua visão social da inovação a partir de diversos cases fantásticos, mas talvez não estivesse num bom dia pois sua apresentação não emplacou. Faltou um gancho, talvez, mas todos os exemplos mostravam sobretudo que é possivel inovar sem necessariamente falar de cifras faraônicas ou resultados lucrativos, mas de impactos sócio-ambientais enormes.
Filipe Cassapo (FIEP), com seu humor e sotaque francês conquistou a plateia falando de presença, de diálogo e de se estar inteiro em todos os momentos para estar preparado para ouvir o novo. Só que ele, de fato, não estava inteiro ali, pois os lembretes de seu computador pulavam a cada 10 minutos durante a apresentação e seu celular ainda foi consultado em dado momento.
Claudio Pinhanez, da IBM fez uma apresentação… técnica. Com todos os slides em inglês, citou números relevantes e apontou um cenário que talvez ninguém tivesse dado conta até então: inovação não se trata apenas de produtos, mas de serviços. E que é neste segmento – o maior da economia atual – é que estão as grandes oportunidades de inovação.
Heloísa Moura, com seu belíssimo portfolio, currículo (PhD) e backgroud em design, deixou todos apaixonados pelo tema. Dimensionou mal a dinâmica do workshop para o seu tempo, mas passou o recado.
Prof. Heitor Pereira falou muito bem de Gestão do Conhecimento. Não retomou o ponto colocado logo no início da apresentação – que o tema lembra controle, mas deu uma bela palestra (embora o momento fosse de workshop).
A Symnetics, representada pelos parceiros Daniel Egger e Anderson Penha apresentaram o tema inovação como um quadro em branco (metáfora já feita tempos atrás pelo próprio Bezerra). Terminamos sua apresentação (?) com… um quadro em branco…
A Estratégia do Oceano Azul foi apresentada por Martius Rodrigues (UFF) que, pela falta de tempo talvez, exemplificou mais do que teorizou – sem lembrar até mesmo o nome dos autores que escreveram o livro que deu origem ao termo (W. Chan Kim e Renée Mauborgne, 2005).
A mesa redonda com BNDES, FINEP, Firjan, SEBRAE, FIEP e Faperj deixou claro que a verba existe e está disponível de diversas maneiras para quem quer inovar, em qualquer área e segmento. Era a motivação que faltava para quem quer investir em novas ideias.
Fonte: [Webinsider]