quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

CIOs divergem sobre uso de redes sociais no trabalho

Serviços como Facebook e Twitter tornam difícil separar esferas pessoal e profissional. Empresas não sabem como tratar o tema.
Computerwoche / Alemanha 

As redes sociais tornam difícil separar as esferas pessoal e profissional dos funcionários. Entrevistamos alguns CIOs sobre o assunto e descobrimos que, na base da tecnologia, não é possível resolver o dilema.

Questões já enfrentadas por empresas pioneira no uso podem facilitar a compreensão do fenômeno das redes sociais e sua influência no local de trabalho.

Prós

Trate as pessoas como adultas

Sentado na cadeira de CIO da Danone nas regiões setentrional e Nordeste europeus, Michael Kollig abordou a importância de tal postura frente aos colaboradores. ”Somos bastante generosos com o uso privado da banda em nossas sedes. Não existe – em princípio – qualquer restrição de navegação, mas bloqueamos, da forma que é possível, qualquer acesso a conteúdo que possa ser classificado de pornográfico ou ilegal”, resumiu. “Não passa pela nossa cabeça barrar o trânsito das pessoas nessas extensões de sua existência. Mesmo porque a comunicação, em conjunto com interação com o cliente, é o cerne de nossa ocupação como players no mercado. Nossa aproximação é baseada em participação ativa dos colaboradores na definição das regras de acesso. Incentivamos funcionários que se destaquem por colaborar ativamente na dinâmica da empresa e que demonstrem preocupação com o crescimento geral. Assim, um bloqueio é absolutamente fora de questão”.

Ainda assim, o executivo reconhece que a fronteira entre o uso corporativo e o privado da internet é tênue.

Facebook e Cia.
O que o colaborador faz em seu tempo livre é de sua total e exclusiva responsabilidade e o que decide partilhar sobre os detalhes de sua vida íntima também não deveriam ser motivo de preocupação. O que interessa às empresas é garantir ou subsidiar a consciência dos funcionários sobre o risco envolvido em partilhar dados corporativos e de cunho confidencial nas redes sociais. O problema maior é que, ao se aproximar de um colaborador com uma proibição, as chances da mensagem escapar de seu controle e virar uma bola de neve, indo parar, justamente nas redes digitais, aumentam exponencialmente.

Facebook é vida privada

Jürgen Thoma, CIO da Haufe Lexware Service, com sede em Munique, na Alemanha, aposta na capacitação do uso das redes sociais. “Para nós é importante que os colaboradores saibam transitar nesse meio. No momento, desenvolvemos uma guia de melhores práticas voltado à presença nas redes”, disse. Na Europa, uma rede social de nome Xing, de cunho semelhante ao do LinkedIn, ou seja, aplicação predominantemente profissional, tem muitos membros. Sobre essa rede, Thoma afirma que “ainda é mais profissional que o Facebook, que é, na minha percepção, uma rede privada, com dinâmicas de acesso e exposição mais controladas”. “Não costumo adicionar contatos profissionais em meu perfil do Facebook, lugar a qual não pertencem”.

Contra

O bate papo sem fim leva ao bloqueio
O executivo-chefe de TI, Thomas Rössler diz que o uso das redes sociais e o email são sujeitos a verificação por parte de antivírus e outros cuidados providenciais. O uso de sites como o Facebook e Twitter é proibido para fins outros que não profissionais. “Nossa preocupação é com a economia da banda larga”, diz.

Aos CIOs incomodam especialmente as intermináveis sessões de Farmville e de bate-papo.

“Quando não há limite, temos de criar um”, finaliza Rössler.

Holger Stams, CIO da Alamtis, também acredita que o Facebook seja prejudicial ao ambiente de trabalho.

“Desconheço site com mais poder de abstrair as pessoas de seu trabalho que o Facebook. Nesse sentido, acho que é o mais perigoso que há”, diz.

Mas Stams também reconhece que a proposta de proibir o uso dessas redes no trabalho é utópica. Pelo menos com as ferramentas disponíveis atualmente.

“Se um dia tivermos todo o apoio tecnológico necessário para restringir os minúsculos espaços em que não desejamos ver nossas informações sendo compartilhadas, as pessoas criarão rapidamente consciência do que vem a ser o tal do uso responsável da internet no lugar de trabalho”, finaliza
(Alexandra Mesmer)